quinta-feira, 23 de abril de 2009

CIA destruiu 92 fitas de interrogatórios de suspeitos de 'terrorismo'

A CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos, na sigla em inglês), admitiu ter destruído 92 fitas com gravações de interrogatórios feitos com suspeitos de terrorismo.


A agência de inteligência dos EUA havia dito anteriormente ter destruído apenas duas fitas.


Os dados foram revelados após a União Americana de Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês) ter entrado com um processo na justiça americana para exigir que a CIA divulgue detalhes sobre os interrogatórios.


Suspeita-se que, durante estes interrogatórios, tenham sido usadas técnicas como a do "afogamento", considerada tortura pelo governo do presidente dos EUA, Barack Obama.


Em uma carta enviada ao juiz que preside o caso, Alvin Hellerstein, o promotor Lev Dassin afirmou que 92 fitas com gravações de interrogatórios haviam sido destruídas pela agência.


"A CIA pode agora identificar o número de vídeos que foram destruídos", escreveu o promotor Dassin na carta obtida pela BBC.


"Foram destruídas 92 fitas", diz o documento, datado de 2 março.


Para a ACLU, a destruição das fitas foi uma forma da CIA tentar, sistematicamente, esconder evidências dos interrogatórios.


A carta de Dassin, no entanto, diz que a CIA está buscando acumular mais evidências para o processo, como uma lista de arquivos destruídos, registros detalhando o conteúdo das fitas e as identidades de pessoas que poderiam ter visto ou estado de posse das fitas.


Segundo os advogados do governo, algumas dessas informações podem ser confidenciais.


"A CIA pretende fornecer toda a informação solicitada para o tribunal e toda a informação possível de ser tornada pública para os autores da ação", diz a carta.


Em 2005, um juiz ordenou que toda evidência sobre a forma como são tratados os detidos no campo de prisioneiros de Guantánamo fosse preservada.


Em dezembro de 2007, a CIA admitiu que duas fitas com interrogatórios foram destruídas cinco meses após a determinação do juiz.


Na ocasião, no entanto, a CIA disse que a decisão de 2005 não se aplicaria às fitas destruídas, já que os interrogatórios ocorreram antes de os suspeitos serem transferidos para Guantánamo.


A direção da CIA afirmou na época que as gravações teriam sido feitas em 2002 para registro interno e que foram destruídas porque não tinham valor para o serviço de inteligência e poderiam ser usadas para identificar agentes.


Uma investigação sobre estas fitas foi ordenada pelo Departamento de Justiça dos EUA em janeiro de 2008.


Em 2005, agentes da CIA entrevistados pela rede americana ABC


descreveram alguns métodos de interrogatório usados pela agência, como:


  • Técnica de afogamento, na qual o prisioneiro é deitado e um pano é colocado em sua boca ou um pedaço de plástico colocado sobre seu rosto. Os interrogadores jogam então água sobre o rosto do prisioneiro, produzindo uma sensação de afogamento.


  • Cela fria: O prisioneiro é obrigado a ficar em pé, nu em uma cela fria, embora não congelante. Água é derramada sobre o prisioneiro.


  • Ficar em Pé: Os prisioneiros são obrigados a permanecer em pé por 40 horas ou mais.


  • Tapas na barriga: o prisioneiro recebe um forte tapa no estômago com a palma da mão aberta. A técnica é dolorosa, mas não causa ferimentos.

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